A IDENTIDADE HUMANO-DIVINA DO MESTRE


Y sucedió que mientras él estaba orando a solas, se hallaban con él los discípulos y él les preguntó: «¿Quién dice la gente que soy yo?»

Jesus anunciando a mensagem do Reino de Deus sente uma necessidade constante de dialogar com o Pai. Por isso, recolhe-se num lugar retirado, silencioso, para fazer esta experiência de intimidade, de diálogo amoroso com o Pai.

Este encontro narrado por Lucas tem uma peculiaridade: Jesus faz uma catequese orante. Ele deseja que seus discípulos percebam o nexo indissolúvel existente entre a sua pessoa e a mensagem que anuncia. Um outro ensinamento que deseja passar aos seus discípulos é que não existe o discípulo separado, ausente da vida do Mestre: aquilo que é importante para Ele, deve ser também importante para seus seguidores.

Através da pergunta que Jesus faz aos discípulos: “Que dizem o povo que eu sou?”, pretende averiguar a consciência que eles possuem da sua verdadeira identidade depois de um determinado tempo de convivência com Ele. A metodologia adotada por Jesus é aquela do confronto: vejamos o que o povo diz para ver se tem alguma relação com a experiência que estão fazendo individualmente e como grupo, ou seja, Jesus quer saber se os seus discípulos mais íntimos estão sendo capazes de ir além dos sinais que realiza e perceber a sua verdadeira identidade de Filho de Deus, salvador da humanidade.

Ellos respondieron: «Unos, que Juan el Bautista; otros, que Elías; otros, que un profeta de los antiguos había resucitado.»

É interessante observar que a resposta é coletiva. O verdadeiro evangelizador consegue perceber e ajudar a comunidade a purificar o conhecimento da verdadeira identidade de Jesus Cristo. Vivemos hoje essa dificuldade de compreender a missão e a pessoa de Jesus Cristo. A infinidade de religiões e seitas que baseiam seus ensinamentos no Evangelho de Cristo apresenta para os seus seguidores uma imagem de Cristo que procura atender mais aos interesses das igrejas e grupos religiosos do que

Certamente Jesus fica desapontado com a resposta. Parece que o povo não consegue desvinculá-Lo das tradições religiosas judaicas, dos ditames da Antiga Lei. O povo olha para Jesus com os olhos no passado comparando sua missão e pessoa com outros líderes significativos da história da salvação judaica.

Jesus não se sente incomodado ao ser comparado com estes personagens bíblicos, mas deseja que seus discípulos estejam com o coração aberto para acolher a nova revelação, o tempo presente no qual Deus está operando a salvação da humanidade.

Les dijo: «Y vosotros, ¿quién decís que soy yo?» Pedro le contestó: «El Cristo de Dios.»

A pergunta de Jesus obriga os discípulos a repensarem a própria identidade religiosa: “Será que vocês estão pensando iguais a eles?” Em outras palavras, Jesus os convida a redefinirem suas vidas: “O que é que eu significo para vocês? O que vocês esperam de mim?”. O texto nos aponta para um contexto de profissão eclesial: o discípulo de Jesus vive a sua fé na comunidade eclesial. Na boca de Pedro é consumada uma profissão de fé: “Tu és o Filho de Deus”, que sintetiza todo o esforço que Jesus fez para que o grupo perceba o aspecto fundamental da existência daquela pequena comunidade. Está com Jesus, ser seu discípulo, é descobrir na sua pessoa, nos seus gestos e palavras a sua natureza humana e divina. Ele é o Filho de Deus feito homem.

Pero les mandó enérgicamente que no dijeran esto a nadie.

Falar deste mistério requer da comunidade uma caminhada, uma experiência com o Cristo ressuscitado. Esta verdade vivenciada no dia a dia com Jesus é uma verdade de fé. Não é uma conjectura cientifica ou postulado de teorias que necessitam de comprovação laboratorial. Cada discípulo fará o seu caminho por etapas de compromisso com o Evangelho de Cristo. A verdade do “Cristo Filho de Deus” não deve ser imposta a ninguém, mas exige todo um caminho pedagogicamente estruturado porque é um ensinamento que conduz à vida, à libertação do homem e de todo o homem.

Dijo: «El Hijo del hombre debe sufrir mucho, y ser reprobado por los ancianos, los sumos sacerdotes y los escribas, ser matado y resucitar al tercer día.»

Jesus deseja afastar dos seus discípulos uma concepção mágica de salvação triunfalista: Ele sendo Filho de Deus tudo pode realizar através do seu poder divino. A lógica divina não percorre o mesmo itinerário da lógica humana. Para salvar a humanidade Jesus necessita ser plenamente humano: necessita sofrer, morrer como todos os seres humanos; e ao mesmo tempo, ser plenamente divino, ressuscitar e reconstruir a vida em plenitude.

Decía a todos: «Si alguno quiere venir en pos de mí, niéguese a sí mismo, tome su cruz cada día, y sígame.

O discípulo de Jesus é anunciador desta verdade que causa escândalo e rejeição por parte dos judeus. E destes o Mestre exige quatro atitudes fundamentais:

- só podemos seguir Jesus na liberdade;

- devemos reconhecer que Ele é o Mestre e nós os discípulos;

- a capacidade de renunciar a si mesmo para assumir incondicionalmente sua missão;

- assumir a cruz de cada dia como exigência de fidelidade ao compromisso evangelizador;

- e segui-Lo no seu modo de ser todo de Deus e todo dos homens.

Porque quien quiera salvar su vida, la perderá; pero quien pierda su vida por mí, ése la salvará


* Texto da La Biblia de Jerusalén (Lucas 9,18-24)

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