MARIA: SERVA DA HUMANIDADE




Hoje iniciamos o mês mariano, em que a Igreja ao celebrar a memória de Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, coloca em destaque a sua participação no projeto salvador de seu amado Filho.
Quando pensamos em Maria necessitamos retornar a dois mil anos atrás e visitar, em Nazaré, uma adolescente pobre que viveu neste pequeno vilarejo desprovido de qualquer importância política e econômica. É necessário também retirarmos todos os mantos, vestimentas suntuosas e coroas de ouro e pedras preciosas. É neste cenário que somos convidados a contemplar uma experiência de fé única, decisiva, de uma mulher, escolhida por Deus

A sua vida simples é marcada pela fidelidade à sua fé: Deus é o Senhor de sua vida (“Faça-se em mim a tua vontade”). Nenhum desejo consumista ou egocêntrico ocupa o centro do coração de Maria. Ela busca incessantemente está em sintonia com o Espírito de Deus.
Quando Maria no momento da anunciação se autoproclama a “serva do Senhor”, expõe a consciência de sua própria identidade existencial: viver para Maria é “ser”, “estar” no coração amoroso de Deus, e só a Ele servir. A característica fundamental da serva é estar continuamente preocupada em servir ao seu Senhor, ao seu Deus. Servir para Maria é doar-se inteiramente em tudo aquilo que ela faz durante a sua jornada como parte de sua consciência de estar na presença de Deus. Portanto, Ela nos ensina que ser “servo”, “serva” não é obedecer cegamente às doutrinas, regras, costumes de uma determinada religião, ou menos ainda, repetir rituais e orações que se tornam vazias de significado por que estão desconectados da vivência espiritual da fé.

É da interiorização da vivência das consequências do “viver da fé” que se estabelece a relação intrínseca entre serviço e obediência: só é capaz de ser servo, serva quem é capaz de obedecer a Deus. Ser serva, servo, não é despersonalizar-se, anular a própria personalidade, transformar-se numa pessoa alienada do mundo, alienada de si mesma, pelo contrário, fazer a vontade de Deus é sintonizar a sua própria vontade à vontade divina. Maria experimenta em todos os seus atos essa profunda sintonia: os seus atos, os seus sentimentos, refletem em linguagem humana, concreta, o que está no coração de Deus e que Ele nos convida a vivermos como irmãos e irmãs.

Maria não foge às suas responsabilidades do seu dia a dia por mais repetitivas que possam parecer as tarefas (lavar roupa, limpar a casa, cozinhar, transportar água pra casa, etc). Ela compreende que ser serva é perceber que o diferencial que existe entre a pessoa que crer no Deus da Vida é ser uma pessoa comprometida em promover, vida, dignidade, acolhimento, simplicidade, solidariedade, doação na comunidade em que vive e atua.  

“Eis aqui a serva do Senhor”. Maria vive a dimensão do serviço ao outro como promoção da sua dignidade de mulher e da dignidade de que recebe o seu serviço. Ela não se transforma num objeto de uso e usufruto nas mãos de Deus, mas atinge a plenitude da sua liberdade, onde o servir é um ato de liberdade e abertura para que Deus opere através dela manifestando seu infinito amor pela humanidade.

Ó Mãe nos ajude a vivermos estes tempos de incertezas na escola diaconal, escola do serviço que promove a vida, a solidariedade e a fé no Deus do impossível. Ave Maria, rogai por nós.

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